Descrição
Seria um dia como aqueles que ficam pelas esquinas dos pensamentos, da memória, do passado intempestivo. Sabe quando não nos alivia nada? Sim, um dia sem marca. Seria, não fosse o propósito. Ele me chegou como uma fiandeira desconfiada e atenta ao tecer. E com palavras de sedutor de flores, disse: “…vou escrever um livro e não sei por onde começar”. Ora, ele estava revelando-me, em memória – a minha – de como não me aguentei e soltei as emoções, vivências contidas no dorso de uma lâmina de celulose e a escrita fluiu.
Já tinha escutado um pouco de Botosso, de suas experiências, projetos e fiquei reflexivo. Busquei a ‘transsignificação’ – palavra que criei para traduzir-me além. Hoje, no outono caminhante, após algumas dicas e com a plena vovntade de nosso ‘AtenoEspartano’ Botosso, explicarei o termo na reunião das palavras seguintes, realizo-me lendo o ‘Navegar pela Vida’, de sua autoria.
A introdução, inspiradora por sinal, nos revela a tez de
um ser em constante pugna consigo mesmo, de ser que se fez e faz
melhor a cada aroma do dia, dos bons e ruins, dos alegres e tristes,
dos sonhados e vividos. Um herói de si forjado pela aventura da
vida, e ele diz:
“Nossa imaginação era fértil e encenávamos os mais diversos
roteiros, que variavam de ataques de índios a passeios intergalácticos.
Qualquer que fosse a estória, eu tinha que ser o herói.
Em uma das várias aventuras, estávamos na parte norte da
chácara onde as terras eram muito ruins, cheias de cascalhos,
com várias “grotas” enormes provocadas pela ação das enxurradas.”
O sentimento que revelo é sim de chamá-lo de ‘AtenoEspartano’.
E ele o é, é uma mistura de cidadão de Atenas e um guerreiro
de Esparta. De Esparta, a etapa real da educação ao ser cidadão;
os valores militares – o ser guerreiro, herói – e o treinamento
físico. E de Atenas, a condição refinada ao equilíbrio da mente e
do corpo. As suas palavras, álibi de reforço, agasalham-nos:
“Lá aprendemos a ser invencíveis, nada pode parar um infante,
não podemos ter medo de nada, a missão terá que ser
cumprida a qualquer custo”.
Não, não importa o desafio, a única reparação é sonhar,
depois, realizar pela insistência gritante. E não seria absurdo, também,
chamá-lo de Don Quixote do Sec. XXI, o Quixote que sonha
e domestica o impossível, como tantos e de feitos resistentes
como os lajões de Pirenópolis a enfeitar os caminhos da história.
E se o Don, de Quixote, tinha um fiel escudeiro e era cavalheiro
andante, o Botosso teve e tem o Suva, realista como Sancho Pança,
e ambos, longes das Sátiras, nos mostram as realidades de nossos
rios e matas. Vale acolher, letra por letra, o trecho de Miguel de
Cervantes e nos lembrarmos que as expedições de Botosso e Suva
desenham uma realidade que não queremos, pois, toda agressão
ao meio ambiente deve ser combatida. Todavia, “quixoteando” o
impossível, mesmo sofrendo angústias, ousando como bravos e
nunca desistindo. Eis a lição:
“Sonhar o sonho impossível,
Sofrer a angústia implacável,
Pisar onde os bravos não ousam,
Reparar o mal irreparável,
Amar um amor casto à distância,
Enfrentar o inimigo invencível,
Tentar quando as forças se esvaem,
Alcançar a estrela inatingível:
Essa é a minha busca.”
Botosso é uma semente rara, ímpar na missão de ser mais
e mais. E ele citou quem, também, o inspirou, e foi fácil entender,
pois ele mesmo está refletido nas profundas palavras de Cousteau,
Jacques-Yves, quando nos faz lembrar que “do nascimento, o homem
carrega o peso da gravidade em seus ombros. É aparafusado
à terra. Mas homem só tem que afundar embaixo da superfície
e ele estará livre”. Sim, a liberdade está no mergulho e ele o sabe
sentir, dizer e nos inspirar.
As suas expedições pelo Araguaia e outras correntes con-