FORTALEZA DE RAMOS

Descrição

Quando Deus criou o mundo, as plantas e os animais, ele criou também o homem. Ao criar seus filhos, Virmondes Ramos e Geralda de Souza, ele viu que a décima filha seria a herdeira da genética maldita, conhecida por EA.
Essa herdeira vem de uma fortaleza de Ramos, com ela vem também a genética do “HLA-B27”; herdeira da “Espondilite Anquilosante”. A herdeira de um mal genético a mim transmitido.
Este é um relato que talvez nem tenha leitores, porém, nem por isso terei deixado de falar das flores, pois esta é uma história real de heranças hereditárias.

Eu, Jordelina Ramos, decidi escrever esta história por ser portadora de doença crônica, degenerativa e incapacitante.
Consegui ver a importância de registrar algo que fala de um diagnóstico que abrange cerca de dez por cento da população mundial, porém que sua incidência é de um por cento.
Ao iniciar o relato desta obra chamada Fortaleza de Ramos, pude perceber a importância familiar, o valor genético e de fazer parte dessa massa humana chamada homem.
Estes relatos não teriam sentido se eu não tivesse vivido tão intensamente tantas histórias reais, fortes, instigantes, dramáticas e interessantes. Histórias feitas, refeitas e revestidas de tanta intensidade, amor, dramas, dores, feito as tempestades que vêm e assolam o solo.
A história de minha vida teve início com um nascimento em dupla. Com dois gritos de vida, quase em sintonia, para que assim pudéssemos ser ouvidos pelas estrelas. Senão o que teria essa mulher de ossos ocos para contar aos outros homens, portadores do mesmo mal ou não!
Minha história tem início rebuscando na infância as cores do arco-íris, as cores da terra, as cores do céu e das nuvens. Porém, há nela também chuva de areia, desertos áridos e sol escaldante. Elas tiveram início com uma multidão de irmãos, amigos, causos, amor, vida cigana, de velhos anciões, nascer e morrer.
Vim ao mundo para cumprir uma missão a mim determinada por Deus: que eu fosse a responsável por andar de mãos dadas com a vida, que sempre me seria companheira. Nasci para passar por tempestades gigantescas, às quais jamais me curvaria.
Minha história foi escrita para viver de pedaços rejuntados, feito um vaso de grande estima, porém quebradiço!
Tornei-me uma guerreira para lutar contra as dores, contra a inércia e, acima de tudo, para lutar contra os horrores da espondilite anquilosante. Fui escolhida entre tantos para contar a dor, porém sou parte de um jardim florido com múltiplas nuances. Sou uma sobrevivente da incapacidade, mas sempre haverá tristezas e incertezas, contudo com o sabor da tolerância e do aprendizado.
Sim! Sou filha da dor, antes, sou filha da luz. Sou filha do amor, pois me fiz brincar pelos trieiros de minha infância, quando busquei em papel invisível me fazer parte de mim.

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