Description
Discutir o tema da educação das relações étnicos-raciais, implica em abordar teorias e perspectivas socio-antropológicas que foram construídas e consolidadas enquanto referenciais de análise, cujo objetivo foram o de compreender a formação do que comumente denominamos de “identidade nacional brasileira”. No caso, a cultura, a tradição africana e o saber dela oriunda era sempre deixado de lado e caracterizado a partir de uma simbologia negativa. Assim, foi concebido a ideia de que a cultura africana e o negro não mereciam destaque, uma vez que representavam o de pior no quisito “raça” para oferecer ao mundo. Nessa leitura, ora o mestiço era caracterizado como uma ameaça, pois sua “cor/raça” se confundia com atraso, incivilidade e selvageria, ora se configurava como sendo uma representação espiritualmente negativa, uma vez que era visto como herdeiro da maldição que levou o mundo a viver sob a égide do castigo e do pecado.
Diante disso, a única alternativa é um exercício científico capaz de incorporar outras realidades e não somente aquela em que prevalece a perspectiva cartesiana enquanto paradigma de compreensão do mundo. Essa coletânea se propõe estabelecer um diálogo pedagógico, uma proposta de construção de uma interface entre o ambiente escolar local e o saber tradicional, algo que seja capaz de romper o que a colonialidade do saber em que prevalece uma relação antagônica e complementar entre universalismo e o particular. Considerar a relação escola e comunidade quilombola, como algo importante na materialização do currículo, implica em reconhecer a viabilidade de um diálogo pedagógico que aproxime escola e o estudante num empreendimento didático e de ensino. Desse modo, nossa reflexão aqui consiste em propor um “lugar” de discussão, fomento e produção de uma linguagem, bem como de práticas didático-pedagógicas capazes de ampliar o espaço de interação das experiências vivenciadas pelos estudantes das comunidades de remanescentes quilombolas. Assim, é necessário evidenciar as experiencias singulares, as formas de ação das comunidades quilombolas, suas histórias e vivencias, compreendê-las e incorporá-las como práticas e questionamentos de uma determinada realidade e ordem política que é reproduzida por professore(a)s nas escolas.
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